quinta-feira, 21 de junho de 2007

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
Cre@d- VITÓRIA







UM PASSEIO POR FUNDÃO... DO PASSADO AO PRESENTE









VITÓRIA
2005

EVÂNIA TOFOLI DE RESENDE
LINDAURA WAGNER SCHIMITEL
MAGDA BROMMONSCHENKEL TOFOLI
VANILDA SCOPEL GRAZZIOTTI





















UM PASSEIO POR FUNDÃO... DO PASSADO AO PRESENTE





Trabalho de Geografia, ao Programa de Graduação em Pedagogia das séries iniciais na modalidade EAD, da Universidade Federal do Espírito Santo, em atendimento às normas de exigências da disciplina de Geografia.
Orientadora: Marina Rodrigues Miranda.



Vitória
2005
















“Quando percebemos que nós e o Planeta somos, na verdade, um só, uma realidade, uma só consciência, teremos chegado ao ponto de descobrir que a nossa transformação não foi apenas uma atitude, mas, uma mutação”.
(Fritjof Kapra)

“...ESTUDOS DA COMUNIDADE... ATÉ ATINGIR A ESCALA DE MUNDO”.
A história de Fundão está ligada a do povoado de Nova Almeida, primitivamente conhecido como “Aldeia dos Reis Magos”, localizado no litoral capixaba (no atual município da Serra) e fundado pelo Jesuíta Afonso Brás. Em 1757 e 1759, respectivamente, este povoado foi elevado às categorias de distrito e vila. A construção da EFVM foi o fator decisivo para a origem da nossa cidade, que inicia-se num pequeno aglomerado de casas, ao lado da ferrovia e às margens do rio. Esse local pertencia à Fazenda Taquaraçu que tinha como proprietário Cândido Vieira.
O lugarejo e o rio foram batizados de Fundão, porque muitos operários da EFVM perderam suas vidas enganados por seus cursos d’água ora raso, ora fundo, quando montavam os trilhos da ferrovia e/ ou tomavam banho em sua águas. Embora a origem do nome tenha outra versão, o sobrenome de um dos ferroviários que era “Fundão”,
Além de ser o dono das terras onde se ergueram as primeiras casas e primeiro morador de Fundão, Cândido Vieira, foi quem construiu, em 1882, o sobrado, que serviu por muito tempo de residência da família Agostini e único ponto comercial do lugar. Na época, só existiam umas vinte casas e o sobrado (Casarão), que ainda existe e foi tombado como patrimônio histórico do Estado. Hoje, “Casa da Cultura”, espécie de museu, loja de artesanato e espaço para atividades culturais.
Nos arredores de Fundão existiam poucas construções onde residiam os “meeiros”, geralmente descendentes de italianos, pessoas que tinham como fonte de renda a agricultura familiar e o cultivo do café, que era comercializado num galpão rústico, chamado Centro de Comercialização do Café pertencente ao senhor Hipólito Agostini. Toda a produção de café era transportada das fazendas até o centro em tropas de burro e dali até a estação do trem, as sacas de café, eram embarcadas nos vagões por empregados que carregavam toda a produção nas costas. As tropas eram também usadas para o transporte de outras mercadorias, devido a falta de rodovias e veículos automotores para o transporte de cargaS. Com isso, começa a surgir a necessidade do homem interferir no meio ao invés de adaptar-se.
Ele passa a agir sobre o mesmo, buscando suprir as necessidades sugeridas com o progresso, porque a medida que o homem melhora seu poder aquisitivo, amplia seus horizontes e busca melhores condições de vida. Como por exemplo, na década de 20, houve várias modificações: a construção de estrada de rodagem, uma ponte sobre o rio ligando Fundão a outros municípios. Quando também, a população foi beneficiada com um ônibus, adquirido pelo senhor Luiz Carvalho. Este ônibus se chamava “Morsa” e fazia o percurso de Fundão à Ibiraçu . dez anos mais tarde foi adquirido outro ônibus, que transportava passageiros de Fundão para outras cidades e se chamava “Gostosão” por oferecer mais conforto aos passageiros.
Nesta época, as pessoas que necessitavam ir para Vitória só cotavam com o transporte ferroviário, isto é, o trem de passageiros “Maria Fumaça”. Segundo relatos feitos de uma moradora antiga Cecília Scopel, registros e depoimentos de outros moradores como Dona Rith, Fundão, por volta de 1925 só tinha uma rua a “Avenida Presidente Vargas a estrada e a EFVM, que passava ao lado da rua.
Mas, embora nossa cidade tenha sido palco de sofrimento, luta e muito trabalho, seus moradores também sabiam se divertir: dançavam forró ao som de “concertinas”, promoviam festas religiosas, folia de reis, etc. Festas que seguiaqm a tradição italiana. Segundo relatos, o carnaval também era muito divertido em nossa cidade, na época, existiam dois blocos: “Os Cravinas” e os “Paz Dourada”. “Os Cravinas” tinham como integrantes pessoas da comunidade e os “Paz Dourada” era composto pelos empregados do centro de Comercialização do Café, geralmente negros.
E o progresso não parou. Como em qualquer lugar do Brasil, a comunidade de Fundão teve necessidade de ampliar seus horizontes na área da educação, e assim, foi construído o Grupo Escolar “Ernesto Nascimento”, que recebeu este nome em homenagem à um dos primeiros professores formados do município. Este funciona até hoje com as séries iniciais do Ensino Fundamental. Seu prédio foi ampliado, mas na sua frente conserva-se a fachada original.
Em 05/07/1933, pela Lei Estadual nº 05, é confirmada como sede a povoação de Fundão e em 1938 pelo art. 3º do Decreto Lei Federal nº 3111, a povoação de Fundão foi elevado à categoria de cidade. “Pois o município tem um grande papel na formação do cidadão... do passado ao presente”.
Após a emancipação, na década de 40, algumas modificações ocorreram em conseqüência do progresso econômico e populacional, tais como: a construção da igreja católica no alto do morro, hoje bairro São José. A construção de uma nova estação e o deslocamento da linha férrea para o outro lado da cidade, com o objetivo de oferecer menor risco a população. Anos depois, nesta travessia, para maior segurança foram colocadas placas de sinalização e uma guarita que servia para dar proteção aos veículos que por ali trafegavam.
Nesta mesma década houve a construção de uma usina de beneficiamento de café, com verba do Governo Federal (Getúlio Vargas) que foi inaugurada, mas nunca funcionou. No local desta usina, hoje está localizado o hospital de Fundão e o PSF. Nas suas proximidades foi construído um campo de futebol e criado um time, iniciando-se a prática de esporte em nosso município. Hoje este campo, chama-se Manoel de Almeida Mattos, está ampliado e reformado para melhor receber seus atletas e torcedores.
Com o passar dos anos a população aumenta e com ela a necessidade de abrir fronteiras. Então, um morador de Fundão, Henrique Broseghini, adquire um ônibus que serve para fazer o transporte de passageiros de Fundão à Vitória.
A partir daí, nossa cidade passa por um período sem grandes transformações, a não ser, o aumento de residências e casas comerciais. Em 1958, Fundão ganha importante obra na área da educação, foi construído o Ginásio “Eloy Miranda”, proporcionando novas perspectivas de vida a dezenas de jovens que não tinham condições para estudar fora de nossas cidades. Anos depois, esta escola, que funcionava em caráter particular, torna-se estadual e é também criada a Escola Normal “Nair Miranda” é a Escola de Aplicação. Neste estabelecimento de ensino atualmente funciona a EEEM “Nair Miranda”. Os alunos de 5ª e 8ª séries estudam na EMEF “Eloy Miranda”, prédio construído na década de 70, quando foram criadas pelo Governo Estadual as escolas polivalentes.
Com o crescimento na área da educação, houve também a necessidade de ampliar a política do nosso município, sendo criado, na década de 50 o prédio da prefeitura municipal para melhor atender à população. Neste prédio, hoje, está localizado o Fórum da cidade.
Na década de 60, Fundão ganha uma nova obra que veio enriquecer a beleza de nossa cidade, uma escadaria que liga o centro à Igreja Católica, que tem a forma de um cálice com uma hóstia. Esta escadaria foi batizada com o nome de Chrysantho Jesus Rocha em homenagem ao pai do Bispo nascido em Fundão, Dom Geraldo Lyrio Rocha, que foi ordenado padre neste local.
Como todo os lugares, nessa mesma década, Fundão foi marcado pela ação desordenada do homem em nome do progresso, nossa cidade que geograficamente situa-se num estreito vale, é cortada pela BR 101 por volta de 1968 mudando a paisagem do lugar. Logo depois, em 1970, foi construído um trevo que cortava a Avenida Principal, dando acesso para a estrada que liga Fundão à Santa Teresa que foi asfaltada na época.
No ano de 1982, Fundão ganha mais uma batalha inaugurando o primeiro e único hospital da cidade, sendo chamado de “Hospital Maternidade São José de Fundão” em homenagem ao padroeiro da mesma. Este patrimônio foi construído com recursos do Governo Estadual e por muitos anos foi mantido por associados, moradores do município e doações, etc. Era uma (fundação filantrópica) que muito beneficiou a população. Hoje depois de muitos anos, o Hospital ganhou um outro nome ”Hospital Drº Cezar Agostini” em homenagem à um antigo médico e morador da cidade. O hospital é mantido com recursos públicos e doações.
Ainda nesta mesma década, em uma área de cinco hectares de antigas pastagens de terra, o município ganha uma obra belíssima “O Ginásio Poliesportivo Josel de Oliveira”, onde são realizadas atividades esportivas, festas, seminários, shows, etc. No redor do ginásio, onde era pastagem foi feito um reflorestamento com espécies da mata atlântica. Este reflorestamento recebeu o nome de “Horto Florestal Augusto Ruschi”, o primeiro do Estado. É um ponto de visitação pública, principalmente alunos e professores. Neste horto possui um “viveiro” que oferece aos agricultores mudas de café, árvores frutíferas, plantas nativas e ornamentais com baixo custo. Sem falar no “Centro de Vivência”, local onde acontecia palestras relacionadas à Educação Ambiental, que foi destruído por vândalos sem deixar vestígios.
Já na década de 90, com o aumento do índice populacional, a cidade de Fundão ganhou uma passarela para facilitar a passagem de pessoas sobre a linha férrea e um viaduto para melhor o fluxo de veículos no centro da cidade, diminuindo o número de acidentes provocados pelos trens. E ainda por motivo de segurança aos pedestres foi implantado na BR 101 um semáforo.
Mesmo, com todo progresso e desenvolvimento das últimas décadas, nosso município ainda sofre com o baixo nível econômico e social da população, necessitando o poder público promover ações emergenciais para suprir algumas necessidades imediatas como a falta de moradia. Necessidade esta, que foi amenizada com a construção de casas populares, surgindo assim, um novo bairro no alto de um morro: o Campestre I e II. Neste bairro está localizado também o Tropical Campestre Clube, ponto de encontro e diversão para os associados.
Além desse clube, o município possui outros pontos turísticos, dentre eles o Pico do Goiapaba-açu com 991m de altura, recoberto por mata atlântica nativa que se constitui numa área de preservação ambiental. Hoje esse pico foi transformado num parque florestal que é diariamente visitado por alunos da região e pessoas de todo o Estado. Esse parque conta também com restaurante, abrigo, observatório astronômico e laboratório para reprodução de orquídeas nativas.
Contamos ainda com a maravilhosa “Praia Grande”, que é o nosso litoral, embelezando e aumentando mais a renda do município durante o verão. Esse é o principal ponto turístico e fez com que surgisse a idéia de uma estrada para facilitar a comunicação entre a sede do município e Praia Grande, caracterizando-se como o único município que estaria ligado do mar à montanha, pois como diz uma antiga moradora da cidade: “Como uma moeda, Fundão, apresenta duas faces: uma voltada para o mar e outra para a região rural”.
As perspectivas de desenvolvimento social, político e econômico do município se concentram prioritariamente na ligação rodoviária de Fundão à Praia Grande, quando se fará a aproximação do mar à montanha, proporcionando um avanço significativo da nossa potencialidade para o ecoturismo e o turismo rural, com abertura de novos mercados de trabalho para o homem do campo e da cidade.
Atualmente, o município de Fundão está inserido na Região Metropolitana da Grande Vitória, é cortado pela BR 101 e famoso pela venda de mexericas em barraquinhas à beira desta estrada. “O estudo geográfico como base de análise do espaço físico e social urge como mola propulsora de identificação do ambiente.”
Conhecendo e analisando a estruturação do município de Fundão com base na teoria de Ratzel, que dedicou todo seu trabalho a análises das relações entre estado e espaço, observamos que o mapeamento geográfico Fundãoense foi fruto das condições naturais de uma política do espaço vital onde a conquista ou a perda de território estava diretamente ligada as influências sociais, políticas e econômicas.
Pode-se também, relacionar as informações obtidas com outra tendência da geografia. A que propõe a compreensão e a intervenção da realidade social. Por meio dela podemos compreender como as diferentes sociedades interagem com a natureza na construção de seu espaço, o que o diferencia e aproxima de outros lugares distantes no tempo e no espaço.
Concluímos, que a geografia não se resume a um desfilar de dados, informações ou curiosidades acerca do mundo, dos países ou de informações das paisagens naturais, ela prima na investigação e na busca de soluções enfrentadas pela sociedade.
Nós professores e formadores de opinião podemos intervir no presente buscando ser conscientes e conscientizando as novas gerações dos valores de nossa região que devem ser preservados, bem como, transformados.
A grande importância do trabalho geográfico é, antes de tudo, identificar os problemas sociais e compreende-los através de um estudo crítico e esclarecedor. Assim o conhecimento geográfico vai possibilitar uma compreensão dialética da sociedade que vai além de um conjunto de conteúdos e informações.
(Francisco Djacyr Silva de Souza)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. História e Geografia. Ministério da Educação. Secretária de Educação Fundamental. 3 ed.. Brasília: MEC, 2001.
Revista as cidades e sua gente. Fundão, o lugar com jeito de moeda. (p. 50 – 57).
Revista Mundo Jovem. A consciência do espaço onde vivemos. (p. 10). Geografia. Março, 2005.
RODRIGUES, Neidson. Por uma Nova Escola. (p. 108 - 115). Editora Cortez, São Paulo. 6ª ed. 1987.
SANTOS, Maria Sirley dos. Geografia: Do olhar do homem aos segredos da natureza. 2 ed. rev. Fascículo 1, Cuiabá, 2004.